O DOLO COMO REALIDADE AXIOLÓGICA E A SUPERAÇÃO DAS TEORIAS ONTOLOGICISTAS DA AÇÃO

Bruno Cortez Torres Castelo Branco

Resumo


A teoria do delito do século XIX, enclausurada em postulados positivistas, tem passado por duras mutações a partir de paradigmas que renovam os pressupostos conceituais que outrora lhe deram sustentação. A teoria causalista, que compreendia a ação enquanto simples modificação mecânica do mundo exterior, resguardando o foro meramente interno, e que dimensionava o dolo no estrato da culpabilidade, revelou uma série de inconsistências teórico-práticas – notadamente no âmbito das condutas omissivas – que a teoria finalista, deslocando o dolo para o tipo e introduzindo o axioma de que toda ação é intencionalmente dirigida a um resultado, intentou resolver. Ocorre que ambas, causalista e finalista, consideram o dolo como uma realidade ontológica, isto é, um dado eminentemente psicológico que compete ao jurista identificar – o que dá azo a uma discricionariedade  xtremada na medida em que, sendo um processo interno do indivíduo, não há como se afirmar categoricamente quando o sujeito terá ou não conhecimento sobre o isco de produção do dano. A superação destes obstáculos epistemológicos se dá com a teoria significativa da ação do jurista  espanhol Vives Antón que, ao prescrever ao dolo uma existência valorativa (axiológica), o toma como  m compromisso para atuar lesivamente a partir de critérios normativos.  

Palavras-chave: Dolo. Imprudência. Causalismo. Finalismo. Ação significativa.

RESUMEN


La teoría del delito del siglo XIX, enclaustrada en los postulados positivistas, han pasado a través de mutaciones de los paradigmas que renuevan los supuestos conceptuales que una vez le dieron apoyo. La teoría causalista de von Liszt, que entendía la acción como simple modificación mecánica del mundo exterior, resguardando el foro puramente interno, y en que el dolo integrava el estrato de la culpabilidad, reveló una serie de inconsistencias teóricas y prácticas – sobre todo en conductas omissivas – que la teoría finalista de Welzel, cambiando el dolo para el tipo y añadiendo el axioma de que toda acción se dirige intencionalmente a un resultado, intentó resolver. Ocurre que tanto causalista y finalista, tienen el dolo como una realidad ontológica, es decir, un carácter eminentemente psicológico que compite a el jurista identificar - lo que da lugar a una discreción extrema ya que, al ser un proceso interno de la persona, no hay manera de afirmar categóricamente cuando el sujeto tiene o no conocimiento sobr el riesgo de producción de daño. La superación de estos obstáculos epistemológicos ocurre con la teoría de la acción significativa del jurista español Vives Antón que, al prescribir al dolo una realidad valorada (axiológica), lo toma como un compromiso para actuar lesivamente desde criterios normativos.

Palabras claves: Dolo. Imprudencia. Causalismo. Finalismo. Acción significativa.


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